Admin On sexta-feira, 12 de março de 2010 3 Comments

Gênero: Rpg
Ano: 1996
Fabricante: Quintet/Enix
Terceiro episódio de uma série não tão conhecida, Terranigma honra os esforços de uma equipe que melhora seu trabalho a cada novo jogo feito, a Quintet. O fato de ter sido distribuído com o da Enix, faz com que haja certas garantias de que o game é um ótimo RPG, mas não é por causa disto que Terranigma torna-se ostentado e sim por suas qualidades.

Como disse, Terranigma é o terceiro episódio de uma série. Amplamente conhecida como "Soul Blazer", a série iniciou-se em Soul Blazer, para Super Nintendo. Em seguida, foi lançado Illusion of Gaia, o segundo episódio da série. O que eles têm em comum? Além do estilo, RPG/Ação, os três episódios têm em comum a libertação de almas realizada por um herói lendário. Apesar da temática simples e clássica, cada um tem seus méritos. Soul Blazer explora a ação, Illusion of Gaia o mundo do jogo e Terranigma, bem, vocês vão ver ao longo de Terranigma quais são seus méritos.

A trama de Terranigma é muito profunda, mesmo que você só constate isso nos momentos finais. Você é Ark, um jovem que mora em Crysta, uma cidade em Under World. A vida nesta cidade é pacata e você é o cara sortudo desta, afinal, Elle todos os dias lhe acorda, o que causa inveja em seus amigos. Nos primeiros momentos você explora a cidade e poderá contemplar sua paz e tranqüilidade. Acontece que, quando tais amigos invejosos lhe propõem um desafio (arrombar uma porta que está selada desde que Crysta é Crysta), suas aventuras começam. No subsolo da cidade de Crysta você encontra uma caixa chamada Pandora’s Box e de dentro dela sai uma criaturinha chamada Yomi. Ao mesmo tempo que ele lhe diz que você é o escolhido (alguém falou em Matrix?), a cidade inteira é congelada. Isso mesmo, todos os moradores da vila viram picolés, menos Elder, e, seguindo os conselhos deste, você deve visitar e concluir os desafios de cada uma das cinco Towers (duh, Torres) do Under World para libertar as almas dos amados picolés, quero dizer, habitantes de Crysta. Logo, logo, você estará guiando a miniatura de Ark pelo Under World e libertando as almas. Não é uma tarefa difícil e como não representa um grande spoiler, vou avançar um pouquinho na trama, ou seja, vamos ir do Chapter One: The Outset (Capítulo Um: O Principio) para o Chapter Two: Resurrection of the World (Capítulo Dois: Ressurreição do Mundo).

Assim que você conclui essa cof cof, difícil, cof cof, tarefa (me desculpem, estou um pouco gripado, sabe como é), Ark deve ir ao Upper World (ou superfície) e desenvolver as formas de vida. Começando pelas plantas, passando pelos animais, até chegar no ser humano. Estranho… estamos criando a Terra, não? Bem, se você chegou a essa conclusão e assistiu a introdução do jogo, já deve estar achando estranho as missões que nos são dadas. Avançando um pouco mais, no Chapter Three: Ressurrection of the Genius (Capítulo Três: Ressurreição do Gênio), devemos desenvolver a civilização que acaba de ressuscitar! Passando pelas monarquias da Europa até o descobrimento do Novo Mundo (as Américas!), vemos a humanidade florescer a partir de invenções simples como Sardinhas Enlatadas, até invenções extremamente importantes, como a Eletricidade. Não vou me estender mais, mas adianto que neste processo acabamos despertando um maligno cientista, a real ameaça do jogo. Peraí, eu disse a REAL ameaça? Hum… acho que agora você tem é que jogar Terranigma.

Para complementar essa aventura temos personagens cativantes e singulares, como é o caso do sabe-tudo Yomi que lhe acompanha desde que você abriu a Pandora’s Box, ou a revoltada Meilin, neta de Lorde Meiho, ou ainda o skatista Perel, a apaixonante Elle e a fria Elle (?), a honrosa cavaleira Fyda e o mercenário Royd!

Um RPG/Ação… sim, um ÓTIMO RPG/Ação. Talvez o ponto forte mais forte (ele é marombeiro e toma anabolizantes) de todos os aspectos de Terranigma, a jogabilidade chega a se equiparar à história do jogo, que também é genial. Baseado em jogos clássicos como The Legend of Zelda e Ys, a série Soul Blazer desenvolveu-se e cresceu ao longo dos episódios. Terranigma concilia a ação com o RPG de tal forma que você não se cansará de jogar e jogar até terminá-lo. A visão do jogo é em terceira pessoa e a exploração é extremamente simples. Devemos apenas guiar Ark através das dungeons (os labirintos, onde a ação acontece), cidades e o mapa do mundo.
Existem diversos lugares a se visitar neste mundo tão vasto que retrata a Terra de forma muito semelhante. Desde cidades a vilarejos, passando por dungeons e sub-áreas, Ark se aventura por muitas locações inusitadas. Acho que por retratar o mundo real, mais cidades e lugares deveriam ter sido mostrados, apesar de que Terranigma é fiel na maior parte das vezes. São poucas cidades no jogo (pelo menos eu achei) e menos ainda aquelas que podem ser desenvolvidas (há um side-quest MUITO legal que tratarei em breve).
As dungeons são complexas e, algumas vezes, você se perderá devido às muitas áreas, andares e situações que estas lhe reservam, como é o caso de Norfest Forest, onde devemos achar um caminho que nos leve até o outro lado da ponte (mesmo que isso signifique entrar nesta sombria floresta) ou Beruga’s Lab, onde devemos ativar a eletricidade e as máquinas do lugar para ter acesso ao elevador. Apesar da complexidade, devo dizer que as dungeons são mais baseadas em ação do que em exploração e puzzles.

Falando da ação, esta diz respeito ao sistema de batalha. Em Terranigma os combates funcionam em tempo real, como nos recém citados The Legend of Zelda e Ys, apesar de que assemelha-se também a outros do gênero, como a série Seiken Densetsu, pois, como estes, os combates acontecem somente nas dungeons, sem encontros aleatórios no mapa ou coisas do tipo.

Apesar de ser do gênero ação, ele não cai na mesmice de se basear em ataques e movimentação. Em Terranigma temos diversas técnicas, habilidades, magias, enfim, recursos que podemos utilizar em batalha. Desde técnicas de movimentação como a clássica corrida até técnicas de combate que envolvem as de movimentação somada à uma não tão notória habilidade no controle, como os Spinners (golpes aéreos) e Sliders (o objeto de desejo dos assassinos seriais de plantão: uma rasteira que envolve muito dano e sangue sendo derramado! hahahaha!).

As magias, por sua vez, são simples e baseiam-se em itens. Na realidade não são itens tão simples: são Rings e Pins (anéis e alfinetes, respectivamente). Mas o que Ark, o herói da aventura faz com anéis e alfinetes? Apesar dos anéis não serem tão poderosos como o Um de O Senhor dos Anéis, eles são uma mão na roda quando estamos em combates difíceis. Muitos jogadores sequer os utilizam durante a aventura, pois eles são uma mão na roda sim, para os desafortunados que não têm paciência para treinos, o que em Terranigma torna-se cansativo nos momentos inadequados. A maior parte destes anéis baseia-se em ataques elementais, seja a apenas um inimigo ou seja o supra-sumo causador de danos na tela inteira. Mas, anéis à parte, os preferidos são os alfinetes. Sim, estas coisinhas tão fúteis ganham extrema importância em Terranigma e são símbolo de poder, riqueza e… destruição. O HornPin, por exemplo, pode causar exagerados 250~300 de dano, o que, em situações delicadas, pode ser uma (ou várias) mão na roda (talvez na carroça inteira).

Os Alfinetes são um pouco mais rebuscados e variam desde teleportes (isso mesmo, escape de uma dungeon por apenas UM ALFINETE!) até magias de cura. Independente da arma que escolher, seja Anel, ou seja Alfinete, há um custo para ter essas belezinhas. Você precisará de Magirocks. Mas… o que diabos são Magirocks? São rochas com capacidades mágicas grandiosas, ou pelo menos eu as classifico assim, afinal, elas fazem armas de destruição em massa.

Ao lado das Magirocks, Aneis e Alfinetes, existem as armas, armaduras, os Key Itens e os itens normais. Estes últimos não tão variados, limitam-se aos clássicos (curar HP, curar Poison, curar diarréia… ops, esse aqui não).
Os Key itens desempenham uma grande importância no Capítulo Três, sendo que o side-quest do desenvolvimento das cidades gira (mais ou menos) em torno deles (você já deve estar com raiva deste side-quest ter sido citado tantas vezes, né? então, se agüentou até aqui, segura um pouquinho mais). Mas a sensação de Terranigma fica por conta de suas Armas e Armaduras.

São raros os RPGs que dão gosto de ir a lojinha e gastar as suas míseras moedas de ouro (e olhe que em Terranigma é osso duro conquistar uma grana considerável) em um artigo que aumenta só um pouquinho a sua força e que logo, logo, está ultrapassado (como os computadores, hoje em dia (SERÁ QUE EU SOU UM ARK DO FUTURO?! oh…). Isso porque existe uma enorme variedade de armas, cada qual com suas características próprias, o que torna ainda mais gostoso comprar todas. É uma pena que o inventário de Terranigma seja pequeno, ou seja, quando suas salas de armas/armaduras/itens estiverem cheias, é hora de dar uma limpeza. Para ter noção do que significa "cada arma é uma arma", vejamos a primeira arma, CrySpear. Uma belezinha, não? Cura HP e ainda causa um dano legal. Ou então a RocSpear. Destrói rochas e é ótima contra inimigos feitos de terra. Ou ainda a… ok, acho que já citei algumas armas. Com as armaduras não é muito diferente, ou seja, você está livre do meu detalhamento incomensurável.

Partindo da jogabilidade para a dificuldade (isso porque ambos os assuntos terminam em -idade, estabelecendo uma relação muito íntima entre os assuntos, oh yeah…), em Terranigma os desafios ficam por conta de duas coisas: BLOODY MARY e side-quest do desenvolvimento das cidades. O primeiro, ou melhor, a primeira, é uma chefe extremamente difícil que habita Sylvain Castle. A maioria dos aventureiros encara Bloody Mary com suas mãos, o que é muita coragem até mesmo para o coitado do Ark. Bloody Mary É o chefe mais foda de Terranigma. Até mesmo que o último inimigo. Eu sei que você é O cara e veio com level 49 lutar contra Bloody Mary mas… DENTRO DE CONDIÇÕES NORMAIS, Bloody Mary é o chefe mais difícil de Terranigma. Já o side-quest é difícil por conta de sua complexidade. Dificilmente você o concluirá sozinho e na primeira aventura. Envolve muitas viagens, muita paciência e muito "estar na hora certa e no lugar certo". É legal concluí-lo, assim como é legal reduzir o corpo moribundo de Bloody Mary em míseros pedaços. Por isso digo, o desafio de Terranigma está abaixo do esperado, principalmente para aqueles que concluem as cinco Torres em menos de uma hora…

Ok, partindo da jogabilidade e indo para os gráficos (e eliminando aquele comentário tosco do sufixo -idade que fiz no parágrafo anterior), vemos em Terranigma um caso raro dentre os RPGs de Super Nintendo com gráficos muito bons e acima de sua geração. Muitos os classificam como "gráficos de outra geração", ou seja, pertencentes ao PlayStation. Mas eu digo que são "apenas" gráficos que contam com muita originalidade, empenho dos desenvolvedores, uma ótima colorização, efeitos muito legais e bem localizados e um baita cartucho para armazenar todas essas informações… pré-renderizados. Isso mesmo, desde cenários até personagens, em Terranigma tudo é pré-renderizado, ou pelo menos são tão detalhados que tiram lágrimas dos rostos mais acinzentados. O destaque principal fica por conta da originalidade e localização dos cenários. Eu sei que Liotto não tem nada a ver com o Brasil, que o Morro do Corcovado mais parece um cemitério e que nós, brasileiros, não somos palhaços (ok, alguns sim), mas, em geral, a retratação está fiel e os japoneses se lembraram de muitos cantos do nosso mundinho. Outra coisa que chama bastante atenção são as animações de Ark e que algumas vezes são hilárias (Toasted!). A única decepção talvez fique por conta dos inimigos que, apesar de originais (hehe, como o resto do game inteiro), nos momentos finais aparecem com versões melhoradas, de cores e formas diferentes. Mesmo que sendo criticados, os inimigos são muito bem localizados, ou seja, você verá animais em Zue, robôs em Beruga’s Lab e slimes em Neo Tokio Sewers (esgotos).

Falou trilha sonora em Terranigma, falou Miyoko Kobayashi e Masanori Hikichi. Esta dupla de japoneses adoradores de música conseguiu captar os sons que ouvimos em Lhasa, na Ásia Central, ou ainda os temas carnavalescos de Liotto, na América do Sul, e também o encanto da Europa, na…ahn… Europa. Tamanha habilidade com a música rendeu cerca de sessenta e duas músicas para uma trilha sonora que contém temas para as personagens principais, para as situações delicadas e emocionantes, para lugares considerados importantes e de natureza interessante e até para pormenores, como regiões do mundo onde o tema principal muda suavemente para uma música mais localizada. 

Contamos com temas pitorescos como a música de Yomi que nos faz lembrar daquelas personagens zuadas, ou ainda temas que começam de maneira estranha mas que se desenvolvem para uma música que dará gosto de ouvir, como é o caso da música dos Magishops e da música do Overworld (quando você estiver no mapa da superfície do mundo você a ouvirá). Não podemos esquecer das músicas inesquecíveis (que quase foram esquecidas!) que nos fazem parar o tempo e o mundo apenas para apreciá-las, como a brevemente ouvida Underworld (quando você estiver no mapa do interior do mundo) ou ainda Resurrection (quando ressuscitamos um continente, ou seja, você terá apenas sete oportunidades para ouvi-la). No mais, a trilha sonora de Terranigma é MUITO BOA e se destaca em relação às outras. Mesmo em momentos onde ouvimos uma música que possui partes de outra música acabamos nos surpreendendo com a forma com que esta é organizada, como é o caso da Last Battle (último boss, ou seja, você tem uma longa jornada até ouvi-la) que aproveita partes da Elle’s Theme.

Os efeitos sonoros não colaboram e não são merecedores de comentários elaborados como os que fiz sobre a trilha sonora, só devo dizer que erros clássicos como o abrir e fechar de portas continuam irritantes, mas como a representação deste quesito é, em Terranigma, menor, você não os notará, tão pouco ficará incomodado com estes. Enfim, vá logo jogar Terranigma pois logo na primeira música, Opening, já sentimos o quão épica é esta aventura!

Se você ainda não se convenceu, eis o fator replay. Logo no primeiro capítulo este quesito já marca presença, com as ressurreições opcionais do arquipélago Polynese e da ilha Mu. Em Terranigma vemos desde side-quests pequenos e desprezíveis como a busca pelas armas/armaduras especiais até side-quests enormes e de incomensurável importância, como a busca pelas Magirocks ou o desenvolvimento das cidades. Sobre os mais importantes, os dois últimos citados, devo fazer comentários à parte. São cerca de 100 Magirocks (96 para ser mais exato) espalhadas pelos quatro capítulos, sendo algumas "pegáveis" apenas em momentos oportunos e únicos.

O desenvolvimento das cidades nos rende diversos prêmios, bem como a satisfação de ver os vilarejos tornarem-se cidades e as cidades tornarem-se metrópoles. A maior parte dos side-quests só podem ser realizados em certos momentos ou então representam um grande desafio, fator que aumenta imensamente o replay do jogo. A diversão não fica atrás e, somado ao sistema de jogo empolgante, os recursos de nosso herói e uma trama complexa, misteriosa e envolvente, não preciso dizer mais nada, não é?

Antes de "não dizer mais nada", devo registrar que Terranigma é "apenas" um RPG que você TEM que jogar e ter na sua coleção de RPGs finalizados. Isso mesmo, é uma aventura que você precisa sentir antes de sair por aí dizendo que os únicos RPGs bons são Final Fantasy e seus chocobos, Dragon Quest e seus slimes e The Legend of Zelda e suas fadas. Temos Terranigma e… e… Yomi! Ande logo. Pare de ler e vá jogar Terranigma!


Créditos Review: Spider
Download (rom em português): Clique Aqui!!

3 comentários:

  1. Ola boa tarde gostaria de saber se o jogo esta traduzido como na imagem inicial e se ja foi terminado ou ainda esta em fase de teste grato por sua atenção!

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  2. Do pouco que até hoje joguei e experimentei de Terranigma, ele se mostra um game incrível. Sua jogabilidade é bem bacana e viciante!
    Época foda de RPGs épicos! Saudoso Super Nintendo!

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  3. Oi, amei o texto. Joguei Terranigma quando tinha uns vinte e poucos anos e foi um jogo que me emocionou muito, especialmente o final, é realmente lindo, triste e impressionante. Chorei muito inclusive.

    Gostaria muito que tivesse um remake desse jogo para os gráficos de hoje em dia, pois a história é excelente e o enredo é maravilhoso, poderia demais ser reaproveitado.

    Até hoje sou apaixonado por esse jogo e arriscaria dizer que foi um dos jogos que mais amei jogar, junto com Earth Bound e Chrono Trigger, outros RPGs de SNES.
    Como você bem evidenciou, os gráficos são superiores aos da média dos jogos daquela época, é realmente impressionante. Outro destaque maravilhoso é a trilha sonora. De fato é tão apaixonante que eu escuto até hoje.
    Bom, é isso, nota 9,5/10.

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